A taxa turística em Lisboa...verdade ou consequência?

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa parece que se lembrou de aplicar, ou propor aplicar, uma taxa turística na cidade. O que devo dizer desde já, concordo plenamente!

No entanto parece que, e fazendo zapping pelo meio social, leia-se redes sociais, nos meandros hoteleiros a ideia não foi bem recebida. Nada que não se esperasse...

A pergunta obvia não é porquê, porque a resposta é mais que sabida, mas sim o quê. O que criticam os hoteleiros? A taxa? Afinal com a carga de impostos que já é aplica ao comum dos portugueses, porque não aplicar também aos estrangeiros? Se estamos em crise, deve ser dividida por todos, ou não?

Voltando à questão correcta, que será o que reclamar ou criticar, o Plano de Marketing para a Cidade de Lisboa 2006-2010, apresenta um estudo preliminar em 2006 sobre a realidade da cidade e do mercado definindo uma estratégia a 4 anos que deveria ser aplicada segundo esse mesmo plano e concluida em 2010, ou seja este ano. Ora aqui está o que reclamar ou discutir...terá este plano sido aplicado conforme definido inicialmente? O mesmo está no link acima e deixo a análise a cada um dos leitores.

Por outro lado foi feito um estudo em 2009 pela Cushman & Wakefield sobre a rentabilidade do investimento hoteleiro na cidade e que conclui:

"Em conclusão, os cálculos e a análise efectuada demonstram que o investimento num estabelecimento hoteleiro apresentava em 2000 uma rentabilidade superior àquela que actualmente é obtida. Uma das principais causas para este facto reside na evolução da relação procura versus oferta no período em análise - 2000 a 2007 - e nas consequências dessa evolução em termos de preços praticados e taxas de ocupação atingidas. Efectivamente, com taxas de crescimento médio anual da oferta de 5% (ou acumulada de 45%) e da procura de apenas 3% (ou acumulada de 23%), gerou-se um desequilíbrio no mercado.

Este desequilíbrio foi ainda exacerbado pelo facto de algumas das unidades hoteleiras do mercado apresentarem produtos comoditizados ou indiferenciados, competindo essencialmente pelo preço, o que conduz a uma forte pressão sobre os preços praticados, num ambiente onde as unidades de categoria superior acabam por competir com as de categoria inferior, comprometendo, desta forma, e antes de mais, a boa rentabilidade dos investimentos efectuados e, também, a competitividade das unidades e do destino."

Com base no ultimo parágrafo da conclusão deste estudo penso que nada mais se deve acrescentar.

Afinal será a taxa turística uma verdade ou uma consequência?

Em jeito de análise pessoal devo conclui que:

1) Nenhum, ou muitos pouco hoteleiros conheciam o Plano de Mkting para a cidade de Lisboa '06-'10.

2) Nenhum, ou um reduzidíssimo numero de hoteleiros tem uma verdadeira noção de diferenciação de produto.

Se uma taxa governamental é má, então o que dizer de:

- Comissões altíssimas de distribuição

- Pagamento de brochuras em canais que não vendem

- Promoção em destinos que não são "core" para Portugal

- Desprezo pelo canal directo de vendas ( website, redes socias, blogs..etc)

- Investimento zero em acção comercial, formação profissional, aplicação de boas práticas, etc

- Desprezo pelas novas tendências de consumo

- Inadequadas políticas de recursos humanos


Afinal a taxa...não é assim tão má, se for para ajudar a cidade e a crise.

Mais uma vez os hoteleiros aplicam as suas energias no cavalo errado, entenda-se no lado errado da questão.

Comentários