Em resumo...2008 foi...

Neste ultimo dia do ano é interessante fazer uma retrospectiva daquilo que foi 2008.

Um ano cheio de altos e baixos, marcado no seu final pela maior crise financeira de sempre e sem um final previsível.

2008 foi um ano diferente, foi um ano marcado pelos preços do petróleo a atingirem os seus máximos históricos, os cereais com valores exorbitantes, as taxas de juro subiram também elas a máximos há muito não vistos. No entanto de um dia para o outro 2008 proporcionou-nos o inverso, o preço do petróleo vem por ai a baixo, hoje 31 de Dezembro, pagamos a gasolina a menos de 1 euro, quando à uns meses custava quase 1,50€!
Os cereais perderam mais de metade do seu valor, as taxas de juros desceram abruptamente, nos EUA já estão nos 0,25%, provavelmente chegarão a 0%.
Arriscam os economistas a probabilidade de uma deflação. O desemprego atinge milhares em todo o mundo, e provavelmente este é o grande desafio e a grande interrogação de 2009... que terá emprego no próximo ano e que empresas terão capacidade de resistência?

No turismo assistimos entre 2006 e 2007 a crescimentos fantásticos, os melhores anos desde 2001. Em 2008 começámos bem...mas estamos a acabar muito mal. A redução de recursos humanos é já uma realidade em grande parte dos hotéis, as ocupações cairam para niveis nunca antes vistos, alguns hotéis registaram em Novembro e Dezembro de 2008 taxas de ocupação abaixo dos 10%.
As companhias de aviação reduzem custos através do encerramento de rotas, mesmo as mais rentáveis neste momento não o são, e através da flexibilização do pessoal, existem companhias com pessoal de bordo em part-time.
Os operadores on-line e off-line tentam a todo o custo conseguir o preço mais baixo para se manterem competitivos, no entanto sem sucesso, não é um caso de competitividade de mercado, mas sim de falta de procura. Provavelmente 2009 será uma ano de fusões e aquisições nesta área, muitos não serão capazes de resistir sozinhos.
Para 2009 as previsões são as piores de sempre, mais uma vez não é o facto do preço do combustível, o poder de compra ou o custo dos alimentos, mas sim o desemprego. Quem irá fazer férias em 2009?

A libra está praticamente ao nível do euro, o dólar não permite poder de compra na Europa, viajar passa assim para segundo plano.

Espanha quebrou radicalmente o crescimento que vinha vindo a ter nos últimos anos, a Inglaterra está em recessão, a Islândia na falência, a Irlanda, uma das economias de referência na Europa, está em crise.

2008 foi um ano "radical", provavelmente o ano em que o paradigma da economia mudará para sempre, ou não.
Repare-se no que vínhamos vindo a assistir nos últimos anos; acompanhando as tendências americanas de economia de mercado e da auto regulação, também a Europa, a velha senhora tida como conservadora, se deixou levar pelas práticas americanizadas.
Supostamente era assim que devia funcionar a economia, o mercado auto corrige-se, regula-se a ele próprio. As terias de Keynes, em que o Estado deveria regular o funcionamento das instituições foi visto por muitos economistas e filósofos liberais como algo ultrapassado e sem sentido. Provavelmente nada mais errado. Estamos neste momento a assistir exactamente ao contrário. Os mercados financeiros a serem salvos por biliões dos contribuintes, a industria automóvel, os pacotes de incentivo, as medidas sociais e mais interessante ainda, a aplicação do modelo multiplicador de Keynes em que o estado é o principal motor e investidor da economia tentado assim gerar crescimento económico.

No meio desta reflexão, seguramente estarão a questionar, que tem isto tudo a ver com RM e Hotelaria?

Revenue Management em tempo de crise não tem a solução, mas ajuda a entender o caminho a seguir.
Correcção de preços, adição de valor ao preço a pagar, criatividade e empreendedorismo são os condimentos para uma receita, não de salvação, mas pelo menos de redução dos efeitos da crise num hotel. No entanto fazer forecast neste momento é o mesmo que atravessar o deserto do Sarah de noite e sem luzes. :-)

Somos uma industria muito volátil e sensível a crises, veja-se o 11 de Setembro e a SARS por exemplo. No entanto, para nós a crise é outra, não é directamente financeira (também é), mas sim de desemprego e instabilidade dos postos de trabalhos de todos aqueles que viajam, fazem férias e gostam de fazer um pequeno City Break.

Que 2009 não seja o um Ano tão mau como o que se prevê, são os meus desejos!

A todos um excelente 2009!!!

Comentários